sexta-feira, fevereiro 23, 2007

o antónio lobo antunes no lançamento do último livro do luís cardoso "requiem para o navegador solitário"

sofro cada vez que é lançado um livro em portugal. são tão maus. o damião de góis quando estava a ser interrogado pela inquisição entrou em contradição e o inquisitor confrontou-o com isso, ao que ele respondeu: "excelência, não há homem nenhum que não diga três ou quatro disparates antes de morrer". mas porque é que têm de os escrever!...
angola para mim é a terra da ternura, da sensualidade. e no povo há verdadeiros filósofos. lembro-me do sr. vicente... um spinoza, o sr. vicente. tomava uma aspirina todos os dias, pelo sim pelo não. numa altura contava-me coisas que se passavam com ele e eu disse "pois, isso é chato, sr. vicente", ao que ele respondeu "pois é chato, na medida em que se torna aborrecido". e é verdade, tinha razão, o sr. vicente, as coisas são chatas na medida em que se tornam aborrecidas... ainda hoje quando alguém diz "isso é chato", eu penso sempre que sim, que é chato, é chato na medida em que se torna aborrecido.
às vezes as palavras, sejam boas ou más, colam-se-nos à cabeça sem querermos e não nos largam. tenho um irmão cirugião que no outro dia estava a coser uma cabeça, muito incomodado com uma frase que lhe ecoava lá dentro sem ele querer nem conseguir fugir: "... o técnico manuel cajuda. o técnico manuel cajuda. o técnico manuel cajuda"

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