quarta-feira, junho 07, 2006

always the sun, ou então, estas coisas do cosmos também são paisagem

o bldgblog e o pruned (blogs de arquitectura e arquitectura paisagista respectivamente, linkados aí ao lado), postaram nos últimos dias sobre a superfície solar, com links preciosos a fotografias e a videos de explosões, furacões e o diabo a sete que se passa na superficie solar.

vejam este video, demora uns oito minutos a descarregar, mas vale a pena. galileu, giordano, pá, o que vocês não teriam dado para ver isto.
não fazia a menor ideia que a camada exterior das estrelas tem uma densidade de tal forma baixa que pode ser atravessada "without even realizing you were inside a star" (bldgblog). incrível.
de tempos a tempos lá me aparece uma coisa destas, e lá volto (por uns minutos) ao encantamento pela astronomia da adolescência. mas onde é que nós estamos, caraças? não há nenhuma teoria que me convença. as teorias mais alargadas sobre o universo (que fujam de processos mais específicos) fazem-me sempre lembrar as conversas dos médicos quando não descobrem o que as pessoas têm. incapazes de dizer que não sabem, impingem-nos sempre uma treta qualquer totalmente inapresentável. tipo "o universo começou com uma grande explosão". ou "o universo é infinito". uau. não se está mesmo a ver que isto explica tudo? é claro que estas teorias saem da investigação de processos muito específicos (os tais que são credíveis), o problema é que são apresentadas ao público como se fossem fundadoras.
ora uma das vantagem de ter uma formação (também) científica, é relacionarmo-nos com as teorias actuais com total relativismo. a ciência foi feita para ser negada. a diferença entre a linguagem científica e a não-cientifica é justamente que a primeira pode ser negada. assim, a frase: "está um dragão roxo e beje na sala ao lado" é linguagem científica, e "em orion as partículas de hidrogénio surgem maioritariamente activadas" é linguagem não científica (exemplos extraídos da semiótica do meu quarto ano de faculdade). outra vantagem da formação científica, é que nos apercebemos que todas as teorias quando completamente esclarecidas são perfeitamente entendíveis por nós: a coisa faz sentido, faz mesmo. e estas tretas de explosão e infinito não fazem.
depois há questões inquietantes que têm a ver com as regras da física (maravilhosas de tão universais), a excepção da luz (mistura corpuscular com ondulatória, outra teoria que para mim não está completamente esclarecida - ainda), a extraordinária semelhança dos sistemas planetários com o sistema atómico. é que a matéria tende a organizar-se do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, e parece-me muito razoável que os nossos sistemas solares sejam átomos de outras matérias e outros ciclos temporais.
o que é tudo isto comparado com o cliente com quem tenho agora uma reunião se recusar a plantar as bétulas que estão no projecto? nada. o grande sacana vai pagá-las.

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