no cume do almansor

este fim-de-semana fui fazer alpinismo para a serra de gredos. parece improvável, pois, mas fui. dormi num abrigo de montanha, acordava às 7h da manhã e deitava-me às 10h da noite de tão exausta. os banhos eram tomados nas lagoas, o abrigo não tinha duches. no sábado comecei a subir o almansor (pico muuito alto) às 8h e cheguei lá acima quase às 13h. por "lá acima" entenda-se 600m acima. quando virei para o outro lado tive quase um ataque de pânico: uma escarpa gigantesca. comecei a perder o controle, a dizer alto e assustada "mas o que é que eu estou aqui a fazer?! quero-me ir embora! estou cheia de medo! isto é horrível, tenho muito medo!". os meus companheiros (todos habituadíssimos a isto, para exemplificar, nos jantares ouviam-se frases como "da segunda vez que subi o kilimanjaro...") ficaram embascados, pois como era possível ter medo daquilo. entretanto, a hora de ponta no almansor é por volta das 13h, e passavam por mim três espanhóis cheios de tralha para fazer escalada. no momento em que eu já não via nada, só sentia o precipício e ouvia muito ao longe a voz do F. sem perceber o que dizia, ouvi em castelhano levezinho e em movimento: "miedo? pues, miedo no es ahora, miedo es mañana com alemania!". comecei a acordar: sacanas dos espanhóis, nem sabem com quem nós jogamos. mas logo a seguir outra voz na mesma língua : "pero que no es alemania, es holanda. pues que no te recuerdas?". ah bom, o outro está mais bem informado. dizes o quê, T.? espera que já aí vou.